"Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever eu me morreria simbolicamente todos os dias" (Clarisse Lispector - A Hora da Estrela)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Mente sã


Senti que o tempo parava
A noite não mais avançava
Nem a lua alumiava
Era tudo entre céu e terra
Era tudo deserto e silêncio.
Eram gestos lentos de triste reprise
Sorrisos que não se cansam nem desmancham
Eram teias de aranha que me prendiam
Como um leve cobertor
Que não pesa nem aquece
Mas imobiliza e causa dor.
Cada músculo movido era esforço estridente
Só podia observar com o corpo dormente
Tantos sorrisos lentos
Tantos olhos atentos
Todos gozando de mim.
Senti que alguém se aproximava
E com passos que faziam barulho
Me atingiu o medo mais profundo
Descobri que não podia gritar.
Tentei chorar
Mas tudo que senti foi o ar
Reestruturei meu pulsar
Abri os olhos e vi
Que o tempo voltara a fluir
O sonho se minguou como a noite
E o sol despertou no horizonte
Claro suave, trazendo barulho ao meu lar.

2 comentários: