"Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever eu me morreria simbolicamente todos os dias" (Clarisse Lispector - A Hora da Estrela)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Nada me faz esquecer (a Jacira)

Que ela não está mais aqui eu bem sei,
como também sei que jamais me libertarei
deste amor único, eterno, persistente.
Terei que conviver com esse maldito tédio,
mal horrível para o qual não há remédio
e que maltrata e devora-me lentamente.

Pensamentos, sonhos, fantasias,
tristeza, solidão, melancolia...
Por que meu Deus, tudo isso ser assim?
Estarei ficando louco
ou morrendo pouco a pouco,
e o Senhor não tem pena de mim?

Pois bem, eu fico a me perguntar:
porque todo esse desejo de amar?
Serei eu um sem juízo
que, mesmo estando acordado,
sonho estar lado a lado
com ela no paraíso?

É uma vida se exalando -
eu bem velho, às vezes chorando,
vou terminando os dias meus.
Breve eu matarei a saudade:
hei de encontrá-la na eternidade.
quem sabe, juntinho de Deus.


Alcyr de Paula
Gonçalves, 25 de Maio de 1997

2 comentários:

  1. Tão lindo e tão triste!! A maior e mais verdadeira expressão dos sentimentos! Eu amei!
    Kelly Finamor

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  2. Com ctz concordo com vc Kelly... A verdadeira expressão do amor que sofre, fragela, mas não cessa, pelo contrário, fortalece e mantém viva a certeza do reencontro...

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