"Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever eu me morreria simbolicamente todos os dias" (Clarisse Lispector - A Hora da Estrela)

sábado, 30 de abril de 2011

De novo, de novo, de novo, de novo, sempre.

Tem dias que quero colo.
Mas vou secar os cabelos, voltar a rotina, estampar na testa o meu rótulo de independência e auto-suficiencia.
Sabe, eu nem tenho mais aquele cartão, nem aquele livro babaca de auto ajuda que você insistia em me forçar a ler.
Engano seu, eu não preciso.
Queimei tudo junto as lembranças.
Me esqueci dos cheiros e toques, me transformei.
De novo.
Em algo que dessa vez começo a me perguntar se gosto.
Mas desisto de pensar porque pode doer.
Assumir a verdade cruel é me pedir demais agora.
Prefiro continuar doando aos pobres a minha sensibilidade.
Só aos pobres e a ninguém mais, porque pro resto eu me fecho.
De novo.
Volto a guardar a esperança no fundo, bem no fundo da minha jaula secreta, passo mil correntes e cadeados.
Não sinto nada hoje.
Silêncio pra minha alma respirar sem você, sem ajuda de ninguém.
Não quero beijo de despedida, nem falsos pedidos de perdão.
Não quero que você me conheça.
Nem me domine, nem me entristeça.
Não pense que desconheço o problema.
Sou eu comigo mesma agora e só.
De novo.

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