"Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever eu me morreria simbolicamente todos os dias" (Clarisse Lispector - A Hora da Estrela)

sábado, 23 de abril de 2011

Afundando

Hoje acordei sentindo minha cama afundar sob meu corpo...
Era como se um mar escuro tentasse me sugar pra baixo das águas
E esvaziar completamente minha mente e meu coração
Como se tudo em volta girasse num redemoinho de lembranças há tempos inatingíveis, e por mais que eu quisesse eu não conseguiria jamais alcansá-las.
É, agora, como se as máscaras que uso já não escondessem mais as marcas deixadas,
E a possibilidade de esquecer o passado é mais reconfortante do que diariamente sangrar as feridas.
É como se meu corpo estivesse cansado de a cada dia se refazer, a cabeça erguer, caminhar pro futuro.
É como se a luta perdesse o sentido, a fé e a esperança parecessem tolas demais pra continuar acreditando.
É como se minha verdadeira essência não existisse mais, como se meus atos fossem somente um reflexo de humanidade, um padrão a ser seguido. (E acho mesmo que é).
É como se eu sentisse o peso da água me sufocando o tempo todo. Um abismo sem ar pra respirar, e nada existe exceto uma imagem, me sorrindo sutil e mostrando o que eu perdi.
E eu volto a afundar, volto a afundar...

3 comentários:

  1. Nossa nunca tinha lido algo expresso de maneira tao profunda e verdadeira.... gostei muito...
    Obrigado

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  2. Obrigada a você pelo comentário! Volte sempre!!

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