"Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever eu me morreria simbolicamente todos os dias" (Clarisse Lispector - A Hora da Estrela)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Vamos celebrar!

Estou aqui pra falar de um assunto dos mais chatos possíveis, mas como absurdo que é não pode deixar de comparecer na minha listinha! Mesmo que eu odeie falar de política!
Desde 2007, ano em que houve o último reajuste salarial dos nossos queridos eleitos governantes, a taxa de inflação não passou de 20%. O aumento nos salários desses queridos, porém, chega a 149%, como é no caso dos ministros.
Pois bem, pra quem ainda não está por dentro vou explicar da minha maneira: Nessa quarta-feira (15) a Câmara dos deputados aprovou o reajuste salarial que prevê o aumento dos salários do presidente da república, vice, deputados, senadores e ministros, equiparando-se ao salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que corresponde a R$ 26.723 . O Plenário convocou sessão extraordinária e em menos de 10 minutos a lei foi aprovada. Na mesma tarde a questão foi abordada também com urgência pelo senado. Sendo um decreto administrativo, não há necessidade da sanção “Lulística”, e entra em vigor no dia 1º de Fevereiro de 2011.
Durante a discussão do decreto, somente o PSOL se manifestou contra o aumento, a parlamentar e ex-candidata à presidência, Marina Silva (PV) também manifestou sua contrariedade, dizendo que o reajuste deveria se equiparar somente com as taxas da inflação desde 2007. Porém, a maioria vence né? Foram 279 votos a favor e 35 contra.
O salário atual do presidente é de R$ 11,7 mil, que recebe então um aumento de 134%. Os deputados e senadores serão privilegiados com 62% e os ministros como já dito, 149% de aumento.
Com esse “abismo entre o parlamento e a sociedade” (como descreveu esse aumento o deputado do PSOL-RJ Chico Alencar) fica mesmo a desejar o nosso poder de decisão sobre qualquer atitude dos nossos governantes. Apesar de existir uma discussão sobre isso nos bastidores há tempos, o decreto chegou sem mais nem menos nas casas parlamentares, e sem que ninguém soubesse foi discutida e aprovada. A gente vê a notícia na TV e fica abismado sem entender como assuntos importantes ficam engavetados e demoram a serem avaliados, e de repente: PUF! Taí o aumento injusto aprovado sem delongas, e sem dar tempo pra ninguém por a boca no trombone. Sem contar que deixaram esse absurdo para a última sessão antes das férias, pra não ter programa humorístico nem repórter batendo às portas pra encher o saco. Claro, eles são os espertos, NÓS somos os burros.
Aumentar o próprio salário desse jeito é fácil né? Mas o salário mínimo se chegar a R$ 550,00 este ano de 2011 (hipoteticamente, porque não vai acontecer), o que é pro cidadão o quê? R$ 40,00 que farão total diferença no orçamento mensal, não alcançará nem 7% de aumento. Legal, diferença bacana. Sem contar que nós não temos plano de saúde que cobre até nossa sogra, nem passagens aéreas e auxílio combustível, auxílio paletó, milhares de reais para empregar nossos parentes e amigos em cargos de confiança, nem auxílio moradia que chega a 3,8 mil reais no caso dos senadores. (Ah é, a gente tem bolsa-família!) (Era pra ser animador, não foi?)
E então, a gente faz o que mesmo? Senta, chora e reza. Reza muito pra que alguém divinamente influenciado (só assim) invista na educação, forme pessoas que saibam realmente pensar. Saibam escolher, votar e cobrar depois. Que sejam capazes de transformar essa politicagem absurda, colocando no poder pessoas qualificadas e bem intencionadas ao invés desse bando de sem-vergonha. Porque nós não somos capazes disso. Já está provado. Nós somos criados e educados nessa sociedade em que o poder quer pessoas ignorantes, que aceitem dentaduras e nunca reclame, somos condicionados e bem condicionados a aceitar qualquer trocado, a entender a miséria como falta de opção, a pular carnaval, pintar as ruas de verde e amarelo na copa e se preparar para as festas de fim de ano enquanto eles nos dão feriados, cerveja e cachaça barata e controlam o “nosso” país.

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