"Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever eu me morreria simbolicamente todos os dias" (Clarisse Lispector - A Hora da Estrela)

domingo, 9 de outubro de 2011

Não sendo mais

E era o passado batendo na minha porta, a repetição que eu jurei não mais existir, mas me disseram que a repetição está aqui, atrás dos meus olhos, colada ao meu ser, e a realidade não me deixa mais mentir.
De novo esses olhos vermelhos, a taça suja, mostrando as gotículas de vinho maltratado sobre a mesa, o vazio da casa, do corpo, da alma que novamente chora agoniada por esse cheiro de mofo que persiste por dentro.
Jurei não mais reviver esse sentimento, joguei pela janela esse mal, que ao invés de ir com o vento se escondeu atrás da porta e agora me pega de jeito. Me dói, aperta, me faz sentir como um gigante preso em uma caixa pequena demais. Sem ter como se mover, sem ter pra onde correr. Até os músculos se atrofiarem e o coração assumir o não pulsar ele se mantém no desespero de uma respiração cada vez mais curta.
As expectativas já não valem mais esse esforço e a fé se esvai junto com o ar.

Um comentário:

  1. Como se fosse cíclico, você sente, dá uma estagnada e de repente floresce, fica enfeitiçada, parece lindo quando você se depara com um sorriso no canto da boca diante do espelho e bum! explode contra os muros alheios, se decepciona e se encarde em meios corruptos a você ou seu eu contraditório mutas vezes... e volta e vai, sendo e saindo pelas beiradas por um tempo, fininhos passos para perceber o mundo que te fez tropeçar diversas vezes, de novo e de novo, e você se pergunta: "até quando?" e a resposta vem lavada com sabão no próximo sentimento que vem ardente e faz você esquecer o que é sofrer, e assim começa tudo de novo.

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