"Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever eu me morreria simbolicamente todos os dias" (Clarisse Lispector - A Hora da Estrela)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Menina Que Queria Ser Estrela

Do outro lado do planeta, melhor dizendo, da rua, morava uma menina chamada Ana. Mil nomes ela tinha, e cada pessoa lhe dava mais um. Seu avô a chamava de Ana Nêga, sua irmã de Ana do Mato, seu tio de Ana Sarna, sua mãe de Ana Pilha... e por aí ia. Mas a verdade é que Ana era só Ana, e nenhum daqueles nomes que lhe davam fazia sentido, pois ela não era "nega", não era "do Mato", não tinha "Sarna", tampouco se parecia com uma pilha dessas que vão em briquedos pra fazer funcionar. Ana, era pra Ana, só Ana. Mas tinha uma coisa dentro de si que ela gostaria que as pessoas percebessem e que lhe chamassem assim. Tinha um pedaço de céu, um pedaço de luz, de infnito, e queria muito que lhe chamassem de Ana Estrela, mas essa Ana, ninguém reconhecia dentro dela.

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