Desabafo de Agosto

Queria saber quem foi que inventou esse negócio de maré de azar ou de sorte. Quem disse que eu preciso ter maré de alguma coisa afinal?




Eu queria que cada dia meu fosse único e indecifrável, que eu não acordasse assustada com medo de colocar o pé esquerdo antes do direito no chão. Porque isso parece um pouco exagerado, mas é basicamente assim que passo meus dias ultimamente. Alguém já assistiu aquele filminho de sessão da tarde com a Lindsay Lohan, “Sorte no Amor”? Pois é... no filme ela interpreta uma garota sortuda com uma vida perfeita, que depois de beijar um cara azarado num baile de máscaras meio que “rouba” o seu azar, passando a viver dias infernais onde tudo dá errado. Ironicamente ela acaba esbarrando com o cara que roubou sua sorte, se apaixona e vive aquele drama de pegar sua sorte de volta e deixar seu amor ser um fracassado novamente ou deixar ele se dar bem, mas continuar sem sorte em nada, sem emprego, sem namorado, sem roupas bonitas nem nada disso... Claro que no fim eles ficam juntos, e a moral do filme diz que nada mais importa quando se está vivendo ao lado da pessoa amada, e blá, blá, blá!


Minha vida está uma cópia quase perfeita desse filme, tirando a parte que me apaixono por um cara e sou correspondida, mesmo porque, isso seria sorte demais pra mim.


Eu sei que parece um exagero gigantesco da minha parte zoar minha própria história desse jeito. Mas não é! Isso é bem real, e não estaria escrevendo sobre isso se não estivesse a ponto de explodir.


Parece que ultimamente não consigo acertar em nada, tudo em que eu ponho a mão vira cinzas. Incrível mesmo! E quando eu penso que to começando a pegar o jeito da coisa acontece alguma desgraça. Aí fecho meus olhos e desejo com toda sinceridade que eu possuo que tudo não passe de um pesadelo, que eu acorde e descubra que nada aconteceu de ruim, que eu estou bem, feliz, sem nenhum prejuízo financeiro ou moral.


Mas por mais que eu peça, eu sei que somente nos filmes e contos de fadas eu poderia voltar ao passado e consertar tudo. E minha vida está a infinitos km de distância de se parecer sequer com um conto de fadas.


Eu não sei mais o que fazer, estou cansada de pensar que isso logo vai passar, ou usar o velho e condicionado lema “podia ser pior”. Não, mew, não podia ser pior! Ora, eu sei que devia agradecer por ter saúde, família, um lar e sobreviver, afinal, sim, eu estou viva! Mas fico me perguntando até quando tenho que apanhar. Será que eu sou tão má assim que o cara lá de cima precisa me testar tanto e talvez na tentativa incansável de me passar uma lição (que por um acaso eu não consegui assimilar ainda)? De repente eu devo aprender algo de precioso de tudo isso né? Ai, estou mesmo muito cansada. Sinto que devo passar um mês ou um ano trancada no meu quarto a fim de que nada mais possa dar errado.


Não posso mais continuar usando essas frases otimistas e me forçando a dar a cara a tapa na esperança de que a minha vida seja mais emocionante e real. Sempre que decido viver intensamente me decepciono com o resultado das minhas aventuras. Aí minhas amigas me dizem: “Calma, essas são coisas que poderiam acontecer com qualquer um!”. Incrível como o acaso escolhe sempre a mim pra ser esse “qualquer um”.